Especificidades e sistema de gramática próprio: a Libras não é uma adaptação do português

Geronimo Stuart
Geronimo Stuart
5 Min Read
Sergio Wilfrido Vasques Benitez

A Libras é uma adaptação, em sinais, do português? Incentivar a oralização de crianças surdas congênitas é melhor que ensinar a Libras? Para Sergio Wilfrido Vasques Benitez, empresário e entusiasta dos temas sobre inclusão, essas são apenas algumas das questões que diversas pessoas realizam constantemente. Isso acontece por nada senão a falta de debate sobre o assunto, mas, como uma contribuição para a mudança dessa realidade, acompanhe, a seguir, as considerações sobre a língua dos natissurdos! Confira!

Antes de mais nada, o empresário Sergio Wilfrido Vasques Benitez acredita que é completamente inaceitável que, ainda hoje — em pleno século XXI —, não haja um debate realmente eficaz sobre as condições dos surdos na sociedade, especialmente na sociedade brasileira. Afinal de contas, diferentemente do que se pensava há alguns séculos, surdos não são pessoas imbecilizadas e sem capacidade de pensamento, pelo contrário, são indivíduos que precisam de uma língua para que consigam desenvolver habilidades, logo, precisam, também, do seu espaço na sociedade.

Até porque, assim como considera diversos teóricos da linguística, uma pessoa sem língua é uma pessoa cuja mente e pensamento são paralisados, uma vez que somente por meio da língua é possível participar, verdadeiramente, da cultura humana, na qual acontece a comunicação e aquisição de informações. Em outras palavras, tal como cita Sergio Wilfrido Vasques Benitez, adquirir uma língua é adquirir liberdade, aprendizagem e criticidade.

Mas, a Libras é uma adaptação do português?

Desse modo, podemos entrar na primeira questão importante sobre o universo da Libras: trata-se de uma adaptação, em sinais, do portguês? Para os surdos e para aqueles que estudam esse universo, essa pergunta soa até engraçada. Afinal de contas, assim como assimila Sergio Wilfrido Vasques Benitez, é muito óbvio que uma língua oral, que possui determinada gramática, não se encaixaria tão bem numa língua de sinais. Logo, a resposta só poderia ser uma: não!

Isso porque, a língua de sinais, em especial a Libras, é uma língua como qualquer outra, o que significa que ela possui seu próprio sistema e estruturas para formular frases e, consequentemente, ideias. Na prática, o renomado Sergio Wilfrido Vasques Benitez até considera compreensível o fato dos ouvintes acharem que tudo gira em torno da oralização de uma língua, no entanto, é importante se desgarrar desse equivocado pensamento e entender que a Libras é uma língua independente, com gramática, sintaxe e semântica próprias.

Uma criança surda congênita deveria aprender a Libras ou o português?

Com isso, identifica-se outra questão que, talvez, seja ainda mais importante: uma criança congênita deve adquirir uma língua oral como primeira língua? E aqui vai outro e gritante não! O empresário Sergio Wilfrido Vasques Benitez acredita que esse é um dos maiores mitos semeados entre as pessoas, afinal de contas, não ver alguém que use a voz para falar pode causar, muitas vezes, um estranhamento. Não é mesmo?

No entanto, Sergio Wilfrido Vasques Benitez comenta que já há estudos que comprovam o fato de que a Libras, aprendida como primeira língua, é muito mais eficaz para uma criança surda congênita, se comparada a aprendizagem do português — e isso vale para todas as outras língua de sinais e orais. 

Isso porque, ensinar a língua de sinais para uma criança surda é extremamente mais fácil e, principalmente, natural que o ensino da língua oral, visto que para a aprendizagem da primeira o surdo levaria, em média, 15 meses para aprendê-la com a fluência necessária e que exige a idade, enquanto que a segunda tomaria conta de, pelo menos, 5 anos da vida de quem nasce com a surdez.

Além disso, o renomado Sergio Wilfrido Vasques Benitez explica, por fim, que aprender a falar com fluência uma língua nativa em 5 anos ou mais atrasa o desenvolvimento de uma criança surda em diversos aspectos, uma vez que será gasto muito tempo para isso, privando-a de outros conhecimentos e habilidades necessárias para seu convívio em sociedade e para o seu crescimento pessoal e profissional. Debate importante, você não acha?

Share This Article
Leave a comment