Silêncio necessário: por que ficar sozinho é um privilégio nos dias de hoje?

Oleg Volkov
Oleg Volkov
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Renato Bastos Rosa

O entusiasta Renato Bastos Rosa compartilha uma percepção curiosa: estar só, em silêncio, tornou-se um privilégio raro atualmente. A vida conectada, acelerada e sempre barulhenta quase não permite espaços para o vazio, e isso tem um preço. Entre notificações, compromissos e estímulos constantes, o simples ato de sentar sem fazer nada virou subversivo. Mas será que essa ausência de ruído não é justamente o que nos falta para viver com mais lucidez?

A busca por momentos de solidão não significa isolamento, mas um reencontro com a própria essência. Em tempos de excesso de informação e interação digital, ter espaço para o silêncio passou a ser um antídoto contra o esgotamento. Quem consegue se ouvir, antes de responder ao mundo, tende a tomar decisões mais conscientes. O silêncio não é ausência: ele revela o que está por baixo do barulho.

Por que estar sozinho incomoda tanto?

Ficar só é desconfortável para quem não aprendeu a habitar a própria companhia. Por isso, muitos evitam o silêncio como quem foge de um espelho. A distração constante serve como um amortecedor emocional, impedindo o contato com dúvidas, angústias ou simples tédios. Mas ignorar esse desconforto é o que impede o crescimento, porque só no silêncio surgem perguntas que importam.

Estar sozinho, para Renato Bastos Rosa, sem a obrigação de entreter ou ser entretido, é onde nasce a autonomia emocional. É nesse espaço que a criatividade floresce, que as ideias amadurecem e que os sentimentos encontram forma. Quando o incômodo inicial passa, o que sobra é liberdade. Um tipo de paz que não depende de likes, curtidas ou validação externa.

Renato Bastos Rosa
Renato Bastos Rosa

O que perdemos ao evitar o silêncio?

A superexposição ao barulho externo ou digital cria uma ilusão de produtividade. Mas quanto mais evitamos o silêncio, mais nos distanciamos da capacidade de refletir com profundidade. Decisões importantes passam a ser tomadas no automático, sem tempo para análise ou intuição. É como viver de atalhos, perdendo o mapa principal, explica o conhecedor Renato Bastos Rosa.

O excesso de estímulo bloqueia o raciocínio crítico. Nossa mente se acostuma com respostas rápidas e superficiais, sem espaço para conexões mais amplas. Ao recuperar o hábito de contemplar, de ficar em silêncio por escolha, abrimos portas para insights que não surgem em meio ao ruído. E é aí que o silêncio revela sua potência. Pode ser difícil se desconectar das pressões externas e se conectar consigo mesmo, mas não é impossível.

Como cultivar o silêncio em meio ao caos?

Não é preciso fugir para as montanhas para encontrar um momento de paz. Pequenas decisões conscientes como começar o dia sem celular, caminhar sem fones, permitir que o pensamento vague são alguns exemplos de ações que podem te ajudar a criar uma rotina onde o silêncio tenha espaço. A primeira vista, estando acostumado com a loucura do dia a dia, pode parecer estranho, mas é uma necessidade para a saúde mental.

Renato Bastos Rosa acredita que esse silêncio necessário pode ser o maior diferencial da atualidade. Enquanto muitos correm em círculos, quem sabe parar e refletir conquista clareza e autonomia. Cultivar o silêncio não é um ato de fuga, mas de presença, e talvez, num mundo tão barulhento, seja justamente isso que nos faz ser ouvidos. Não à toa, a cada dia nos deparamos com personalidades famosas largando a vida ativa nas redes para viver uma realidade mais privada. 

Fim do ruído, início da escuta

O conhecedor Renato Bastos Rosa conclui que no fim, buscar o silêncio é uma forma de voltar para si mesmo. Quando tudo parece exigir pressa, conexão e resposta imediata, quem escolhe o silêncio está fazendo um ato de coragem. Ficar sozinho não é estar em falta, mas em presença. E talvez, nesse espaço de escuta profunda, a vida ganhe um novo sentido: menos performática, mais autêntica.

Autor: Oleg Volkov

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